Cana 4.0: automação e uso de dados

A automação e o uso de dados na cultura de cana-de-açúcar é uma realidade em muitas usinas brasileiras. Denominada de Cana 4.0, o processo inclui sistemas com monitoramento em tempo real, inteligência artificial, internet das coisas (IoT), computação em nuvem e traz economia e eficiência nas operações e na tomada de decisão.

Sistema como o da Trace Pack, que monitora dados de máquinas em tempo real, ilustra o que é o 4.0. O Trace Machine, sistema embarcado da startup, monitora os dados do maquinário e de sua operação,  reduz o uso de combustível e também possibilita incorporar informações de aplicações climáticas, seja de estações locais da propriedade ou gerais de organizações como ClimaTempo, INPE, entre outros.

Representando 2% do PIB brasileiro, segundo dados do Instituto de Tecnologia Canavieira (ITC), a expectativa do setor sucroenergético para 2022 é uma safra melhor em termos de produção e de bons níveis de preços em especial para o açúcar e para o etanol. 

Para entender como a automação 4.0 e a inteligência de dados são importantes para a tomada de decisão, o blog da Trace Pack conversou com Haroldo Torres, Professor da USP/Esalq e Gestor do PECEGE e também com João Belini, Consultor em automação de frota e agricultura de precisão.

Agricultura de decisão na era 4.0

Em primeiro lugar, para a agricultura de decisão, o incremento 4.0 é de total importância. João Belini define esse conceito como “um amplo sistema de tecnologias como inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem, inteligência artificial”.

O consultor pontua que o 4.0 têm mudado as formas de produção e investimentos no Brasil e no mundo. “Trazendo economia e maior eficiência nas operações que antes eram geridas por pessoas que falharam nas tomadas de decisões”, ressalta.

Dados em tempo real

Na era da informação, o uso de dados em tempo real é, além de uma estratégia de mercado, uma necessidade cada vez mais patente. Com isso, produtores e empresas têm o desafio de utilizarem tecnologias com um volume de dados que só cresce.

Para Haroldo Torres, as empresas e usinas terão que moldar sua cultura para o 4.0

O Trace Machine, sistema embarcado da Trace Pack, ilustra o que são dados em tempo real. O sistema desenvolvido pela startup funciona em tratores, maquinários de manejo, pulverizadores, colheitadeiras e garante que a máquina tenha eficiência operacional e uma produção menos custosa. No caso da cana-de-açúcar, a tecnologia é adequada com foco nas reais necessidades e potencialidades do produtor.

Para Haroldo Torres, as empresas e usinas terão que moldar sua cultura para o 4.0. Segundo ele, “o que eu tenho que fazer é analisar essas informações em tempo real como ações preditivas. Identificar tendências e comportamentos que possam, efetivamente, contribuir para a redução de custos, otimização e melhor alocação de eficiência dos ativos”. 

Torres ainda reforça que esse é o futuro. “Utilizar dados e informações para identificar comportamentos, antecipar problemas, identificando padrões, similaridades e até mesmo alternativas através do uso de dados para a tomada de decisão. Ou seja, uma agricultura com eficiência, melhoria de produtividade e alocação de ativos e otimização vindo da tecnologia”.

A automação e a inteligência de dados na cultura de cana-de-açúcar é uma realidade em muitas usinas brasileiras

Insights para a tomada de decisão

Inteligência de dados gera insights para a tomada de decisão em tempo real. Isso implica em otimização de processo, melhoria contínua na comunicação, agilidade em busca de alternativas e, sobretudo, menor custo e aumento de eficiência operacional.

Nesse sentido, Belini acredita que empresas que não controlam e nem analisam os dados, tendem a não melhorar sua performance. 

“Qualquer um que não analisa e não se importa com a realidade do que acontece na sua operação sempre terá surpresas e prejuízos”.

O consultor continua: “No mercado de cana temos muitos que ainda se sentem no direito de gerenciar a operação seguindo seus ‘sentimentos’ e sua ‘vasta experiência em errar’. Isso prejudica não só a empresa mas também todo o setor, elevando custos, baixando metas e desestabilizando a balança”, ressalta .

Citando o consultor de negócios Joseph Juran, Belini é categórico. “Quem não mede não gerencia. Quem não gerencia não melhora.” 

O setor sucroenergético em 2022

A expectativa em 2022 para o setor sucroenergético é de otimismo. Segundo analisa Torres, o ano de 2021 pode ser considerado como uma tempestade quase perfeita.

O professor destaca que a questão climática prejudicou a safra. “Tivemos uma das secas mais severas dos últimos anos, sobretudo nos meses de julho e agosto em que todas as regiões tiveram episódios de geadas. Logo, após as geadas, algumas regiões enfrentaram episódios de incêndios que atingiram grandes proporções em áreas de cana-de-açúcar […] Esses três episódios implicaram em uma redução da produtividade da cana-de-açúcar medida por toneladas por hectare caiu e sofreu uma redução de 15%”.

Ainda segundo o professor, os preços contribuíram para estancar a queda de 2021. “Nós tivemos um bom nível de preço para praticamente todos os produtos do setor sucroenergético. Açúcar e o preço do açúcar foram favorecidos não só pelas cotações no mercado internacional, bem como pela taxa de câmbio”.

A inflação ainda será o maior desafio para quem produz, segundo Torres. “Nós ainda estamos enfrentando preços elevados de fertilizantes, de diesel e defensivos agrícolas. Portanto, neste momento, o produtor precisa estar atento para que essa inflação não corroa a sua margem de produtividade”. 

Ainda assim, Torres não esconde o otimismo. “O ano de 2022 se mostra uma safra melhor que 2021 por conta do aumento de produtividade com bons níveis de preços, algo que não tivemos na safra passada. [..] Estou otimista para o setor sucroenergético em 2022, acredito em recuperação de preços, de produtividade”, finaliza.

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Produção e Conteúdo: César H.S Rezende

Arte: Luana Jardim

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